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QUEM MORRE? QUEM ASSISTE? HUMANIDADE CAÍDA E HUMANOS IMPUNES

  • Foto do escritor: Davi Marreiro
    Davi Marreiro
  • 7 de jul.
  • 2 min de leitura

Atualizado: 8 de jul.

A frase "

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Somos humanos! E humanos são..." é o clímax da jornada de Gi-hun para entender a essência “humana” diante de tanta “humanidade”.

No início, como apostador de cavalos, Gin-hun via os animais apenas como ferramentas para alcançar um objetivo, seres sem valor próprio, estimados unicamente por sua capacidade de vencer corridas. Nos jogos sangrentos, a reificação alcança um grau ainda mais intenso: os participantes são reduzidos a números e alvos, transformados em peças de um espetáculo cruel que explora brutalmente seus limites físicos e emocionais.

Surge então uma provocação contundente: o que permanece da humanidade em alguém tratado como algo inferior a um animal, ou, mais precisamente, como um cavalo reificado e coisificado?

Logo, Gin-hun, no inferno teve dificuldades de encontrar a resposta para o que humanos são? Afinal, Gin, viu lados de uma mesma moeda:  humanos são capazes de uma crueldade inimaginável, mas também de um amor e sacrifício profundos. Afinal, só percebe-se a humanidade em condições extremas, ou melhor,  no “reino da Morte viva” ?

Sob uma perspectiva iluminista, os diversos "Getsêmanis" retratados na série representam a derrocada da humanidade. Em contextos tão extremos, a razão, princípio central do Iluminismo, é sufocada, impedindo que os indivíduos ajam conforme valores éticos universais. Diante disso, cada personagem acaba por perder seus valores intrínsecos, sendo reduzido à condição de mero instrumento para os fins de outros. Nesse cenário, o botão que permite aos participantes decidir se permanecem ou não no jogo funciona como símbolo da razão ainda possível, uma chance de agir com consciência, liberdade e ética.

No entanto, a escolha recorrente por permanecer revela o quanto a racionalidade se fragiliza diante da miséria, da ganância e da desumanização. Dessa forma, quando a condição humana é retratada apenas como oscilando entre a dor que se impõe e a dor que se aceita, o que está ausente e derrotado é justamente a razão.

Por fim, a verdadeira medida da humanidade não deveria estar na capacidade de sofrer ou causar dor, mas na habilidade de refletir, julgar e agir com autonomia moral.


Em contextos onde só restam o sacrifício cego ou a crueldade brutal, o que se tem não é humanidade, mas o colapso da razão. Assim, a sobrevivência de um bebê como desfecho, um ser totalmente dependente, vulnerável, sem consciência de si, incapaz de comunicar necessidades ou garantir sua própria segurança, não deveria ser interpretada como sinal de vitória ou esperança. Afinal, um bebê pode se tornar tanto um adulto justo quanto cruel, sua sobrevivência, isoladamente, não é prova de vitória, mas apenas de incertezas diante do colapso moral que o cercou.

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