EMOJIS E CADÁVERES: OS RISCOS DA INDIFERENÇA DIGITAL
- Davi Marreiro

- 7 de jul.
- 2 min de leitura
Atualizado: 8 de jul.

A minissérie "Adolescência", da Netflix, emerge como um espelho perturbador de nossa sociedade contemporânea, convidando-nos a sentar no banco dos réus e confrontar nossa responsabilidade coletiva em combater a radicalização e proteger os vulneráveis. Este drama britânico retrata o brutal assassinato de uma jovem por seu colega de escola, um ato que demanda veemente condenação e responsabilização integral do perpetrador. Simultaneamente, a série nos desafia a trabalhar incansavelmente na criação de um ambiente onde tais atrocidades não encontrem espaço para se desenvolver, combinando prevenção eficaz, intervenção oportuna e punição adequada.
A trama expõe a influência perniciosa de comunidades misóginas online, como os "incels", revelando um fenômeno alarmante que representa a manifestação contemporânea de um padrão histórico de extremismo juvenil. Desde a Juventude Hitlerista dos anos 1930 até os movimentos estudantis radicais dos anos 1960, a sociedade tem testemunhado repetidamente a propagação de ideologias extremistas que culminam em atos de violência injustificáveis.
O cenário atual é particularmente preocupante devido à velocidade e ao alcance proporcionados pelas plataformas digitais. A arquitetura das redes sociais, ao privilegiar conteúdos polarizantes e inflamatórios, criam câmaras de eco que amplificam ideologias extremistas, perpetuando um ciclo vicioso de ódio e violência. A série também evidencia a alarmante desconexão entre gerações, demonstrada pelo "desinteresse" de alguns adultos -pais, educadores e autoridades - de compreender e navegar o labirinto digital em que os jovens estão imersos. Esta lacuna de entendimento não apenas dificulta a identificação precoce de comportamentos problemáticos, mas também impede a implementação de estratégias eficazes de prevenção e intervenção, deixando vítimas potenciais vulneráveis.
A persistência desses problemas ao longo da história não deve ser vista como uma sentença de fracasso inevitável, mas como um chamado urgente à ação. Ao nos colocarmos no banco dos réus, somos convocados a reconhecer nossa responsabilidade coletiva em proteger os vulneráveis e combater a radicalização. O verdadeiro desafio reside em nossa capacidade de aprender com os erros do passado, adaptando-nos às realidades do presente para forjar um futuro onde a violência juvenil seja erradicada e as vítimas potenciais sejam protegidas. Apesar da proliferação sem precedentes de serviços de apoio psicológico, organizações educacionais e instituições de suporte espiritual, persistimos na necessidade premente de uma abordagem societal integrada e multifacetada para mitigar a violência juvenil. É imperativo que as as entidades sociais, governamentais e não-governamentais, estabeleçam uma sinergia operacional focada na criação de um ambiente que priorize a segurança e a equidade.




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