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STEVE: O DIRETOR, O CAOS E O ENCANTO Horríveis e maravilhosos

  • aprenditoedu
  • 5 de out.
  • 3 min de leitura

"SINOPSE É COISA DE WIKIPEDIA"


O filme é a saga de Steve (Cillian Murphy), diretor da escola Stanton Wood Manor, o famoso colégio da “última chance” , que está a um café frio de um colapso nervoso total. Esqueça Sociedade dos Poetas Mortos; aqui, se um professor sobe na mesa, é apenas para implorar clemência aos alunos. A peculiaridade cultural? A trama se desenrola em um único dia, revelando que a vida de um diretor de reformatório se assemelha a uma experiência social sádica, dessas em que todos testam até onde você aguenta antes de desmoronar, e o prêmio, se houver, é uma aposentadoria precoce.

Ainda assim, Steve insiste em defender a “integridade” da escola, o que, em bom português, significa tentar impedir que adolescentes furiosos explodam a caldeira antes que ele consiga chegar em casa para afogar-se em um uísque decente.

 

"COMPARAÇÕES QUE ARISTÓTELES NÃO FARIA"


Assistir ao filme é como tentar enxugar água fervendo com um guardanapo: você reconhece o drama, mas a intensidade da dor é tão desconfortável que chega a incomodar. A atuação de Cillian Murphy comprova que até a exaustão pode ser transformada em arte. Ele se desloca pela cena como um Oppenheimer que trocou a bomba atômica por uma sala de aula, apenas para descobrir que certos comportamentos também são devastadores, embora mais burocráticos. Já a escola parece ter sido projetada por alguém que pensou: “E se uníssemos a frieza de uma prisão ao clima acolhedor de um consultório odontológico?”. É nesse cenário que se desenrola o verdadeiro embate: a “razão” contra a raiva adolescente.


"POPCORN PHILOSOPHY"


Steve é uma aula intensiva sobre a falência das instituições e a fragilidade da mente adulta. O filme sugere que todo mundo é um "Shy" (Jay Lycurgo) em potencial, o adolescente que é uma força da natureza destrutiva, apenas esperando a oportunidade para quebrar uma janela. E todo mundo é um "Steve", o adulto esgotado que tentou salvar o mundo, mas agora só quer salvar o seu próprio jantar congelado. O ponto sociológico é claro: a linha entre o "profissional" e o "surto" é finíssima, e ela se dissolve a cada grito de "Senhor! Estão brigando novamente!". É a filosofia de que o caos não é uma força externa, mas o resultado inevitável de “trancar” problemas e “tentar” educar uma sociedade.

 

 "A ARTE DO EXAGERO DESCARADO"


A cena em que Steve simplesmente respira já se transforma em um épico de sofrimento. O modo como ele aperta o rosto, carregando o peso do mundo, mereceria ser eternizado em uma estátua de bronze. O clímax no lago, que deveria soar como um instante de vida ou morte, acaba se revelando outra coisa: um diretor que finalmente encontra um canto silencioso para desabar, enquanto um adolescente ao lado busca, quase literalmente, perder o fôlego.O detalhe mais cruel, porém, passa quase despercebido: a ironia não está no resgate, mas no fato de que, depois de tudo, Steve ainda terá que redigir um relatório sobre o incidente e encarar a burocracia do fechamento da escola. Essa, sim, é a tragédia estabelecida. O veredito da ironia desapropriada!

 

"CRÍTICA COM CPF E EMOÇÃO"


O filme me irritou. E irritou de um jeito diferente. Irritou porque a angústia de Steve é palpável; a gente sabe que tem um adulto ali, brilhantemente interpretado por Murphy, que está sendo desmantelado em tempo real por uma entidade mais forte que ele: uma guerra de emoções e a um coletivo de omissões. O problema é que, para salvar a escola e o garoto, Steve precisa sacrificar a última migalha de sua própria sanidade. E o filme termina de um jeito que parece dizer: "Parabéns por sobreviver a um dia! Agora, volte amanhã e faça de novo, mas preste atenção no lago que o Shy está nele de novo."


 "AMOR DE HATER"


Apesar das “ironias”, Steve é um filme que merece ser visto. Ele não te dá respostas fáceis, e é exatamente por isso que funciona. É um tapa na cara da nossa visão romantizada sobre "salvar a juventude", mostrando que às vezes o máximo que se pode fazer é não deixar ninguém afogar. Cillian Murphy entrega uma performance tão devastadora que provoca a reflexão incômoda: se um homem com aquele olhar consegue ser levado ao limite em um reformatório, o que sobra para “outros”, meros figurantes na fila do refeitório?

A punchline final? Se você estava esperando uma história de redenção tradicional, prepare-se. Steve prova que o maior ato de heroísmo de um professor é conseguir voltar para casa no final do dia e não ter que corrigir mais nada. E você, testemunha involuntária do colapso: até que ponto o caos da tela reflete seu próprio limite, implorando por uma pausa, desejando secretamente um refúgio no sofá que nunca chega?

 
 
 

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