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ROVERANDO

  • Foto do escritor: Davi Marreiro
    Davi Marreiro
  • 16 de jul.
  • 4 min de leitura
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1. "Colocaria na prateleira"

Onde se encaixa?

Esse livro se destacaria na prateleira de fantasia infantil ou contos mágicos, ao lado de obras como O Pequeno Príncipe de Antoine de Saint-Exupéry ou As Crônicas de Nárnia de C. S. Lewis. Apesar de ser voltado para crianças, ele também agrada adultos que apreciam histórias cheias de simbolismo e criatividade.

2. "A história em modo turbo"

De um raio-x na trama:

Roverando conta a história de um cachorrinho chamado Rover, que é transformado em um brinquedo por um mago irritado. Ele embarca em uma jornada mágica para recuperar sua forma original, viajando para a Lua e para o fundo do mar, encontrando criaturas fantásticas e vivendo aventuras únicas.

DNA do autor:

Tolkien escreveu essa história em 1925 para consolar seu filho Michael, que perdeu um brinquedo de cachorro na praia. Isso mostra o lado mais pessoal e afetuoso de Tolkien, além de seu talento para criar mundos mágicos, mesmo em histórias menores. É uma obra que reflete a imaginação infinita do autor, mesmo fora da grandiosidade de O Senhor dos Anéis.

3. "Personagens que segurariam uma série original"

Gancho emocional:

A jornada de Rover ativa gatilhos emocionais profundos em adultos ao evocar temas como perda, pertencimento e retorno à infância. Sua transformação em brinquedo simboliza a fragilidade da identidade e a sensação de impotência diante do inesperado, experiências comuns na vida adulta. O desejo de voltar ao normal, de reencontrar o lugar perdido no mundo, ressoa com a nostalgia e a busca por sentido.

Os personagens excêntricos, como Artaxerxes e o Homem da Lua, funcionam como metáforas de figuras tutelares e caóticas da vida real, entre o afeto e o absurdo. O resultado é um gancho emocional que toca tanto o imaginário infantil quanto as inquietações do adulto que já se sentiu pequeno demais para um mundo tão grande.

4. "Trama: de 0 a 100 em segundos"

Fluir ou afundar?

Roverando não enrola. Em poucas páginas, o cachorro já virou brinquedo, foi pra Lua, mergulhou no mar e enfrentou dragão, tudo isso sem tempo pra respirar. A trama corre solta como uma criança, mas com paradas estratégicas pra reflexões existenciais disfarçadas de aventura. É Tolkien no modo “conta pra dormir”, mas com o ritmo eficiente pra deixar adulto pensativo e criança vidrada.

5. "Por trás das cortinas: temas e tretas"

Questões na mesa:

Apesar do tom leve, Roverando serve uma salada de temas sérios disfarçada de aventura infantil. Perda, identidade, crescimento e resiliência entram em cena com roupagem mágica, mas a mensagem é clara: lidar com frustrações faz parte do jogo. A viagem de Rover é um rito de passagem travestido de passeio cósmico, uma “terapia de aceitação” com sereias, magos e cachorros lunares. Tolkien cutuca com luva de pelúcia: por mais encantador que o mundo pareça, crescer dói, e ninguém escapa disso nem em forma de brinquedo.

6. "Silêncio Eloquente"

Entrelinhas falantes:

Apesar do tom lúdico, Roverando flerta descaradamente com o estoicismo. Rover perde tudo, é jogado no desconhecido, e só encontra paz quando aceita o que não pode controlar. A narrativa evita lições de moral explícitas, mas empilha eventos que testam resiliência, adaptação e desapego, virtudes caras a Epicteto e Sêneca. As aventuras são menos sobre conquistar o mundo e mais sobre conquistar a si mesmo. Tolkien, com um meio sorriso, mostra que até um cachorro de brinquedo pode aprender a dizer “sim” ao destino, ou viver rosnando para o vento.

7. "A Beleza do Ordinário"

Arte sem alarde:

Esqueça o peso épico das edições de O Senhor dos Anéis. Aqui, a estética é delicada, quase tímida, como se dissesse: “Não sou famoso, mas sei encantar.” As ilustrações, muitas vezes feitas pelo próprio Tolkien, são mais convite do que espetáculo: um aceno discreto ao leitor sensível ao detalhe. É arte que sussurra, não grita.

 8. "Hype e Fandom"

Barulho na comunidade:

Tesouro de colecionador, não de vitrine, Roverando nunca foi pop. Mas nos becos iluminados do fandom tolkienista, ele brilha como relíquia cult. Não é obra de multidão, é de minoria apaixonada — o tipo de livro que alguém menciona em um fórum e outro responde: “Ah, então você realmente leu Tolkien.”

9. "Duelo dos Titãs"

Na balança:

Sim, Roverando é mais leve, menos denso, e não tem um anel para governar ninguém. Mas é justamente essa leveza que revela um Tolkien “menos” mitológico e mais íntimo, o contador de histórias à beira da cama, não o criador de mundos. Troque as batalhas por delicadeza, e você entenderá por que essa história resiste ao tempo.

10. "Vale o Follow?"

Must-read ou deixa pra lá:

Não é um “must-read” universal, mas é um “must-feel” para quem já entrou no buraco do coelho tolkieniano. Se espera épico, vai se frustrar. Se aceita fantasia com alma de aquarela, vai sorrir no final. Pense como uma demo emocional do que viria a ser a obra de Tolkien.

11. Insights do Desconforto

Sabedoria do caos:

Tragédia de brinquedo, catarse literária. A origem da história, a perda de um brinquedo, é simples, quase banal. Mas Tolkien a transforma em um tratado sobre luto, transição e criatividade. Filosoficamente? Aristotélico: da dor, nasce a poiesis. Em bom português: o caos vira conto.

12. O Inusitado

Tolkien em modo lisérgico (para crianças). Lua, sereias, cachorros mágicos e dragões sentimentais. Roverando mistura nonsense com lirismo e serve uma aventura infantil que beira o surreal. É como se Tolkien tomasse chá com Lewis Carroll e dissesse: “Agora deixa comigo.” Leve, estranho e inesquecível, como todo bom sonho.

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