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ENSINO SUPERIOR: NEM TANTO

  • Foto do escritor: Davi Marreiro
    Davi Marreiro
  • 7 de jul.
  • 2 min de leitura

Atualizado: 8 de jul.

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Dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) revelam que os cursos presenciais, em média, superam os cursos a distância nos resultados do Enade. Em 2022, 28,5% dos cursos presenciais alcançaram os conceitos mais altos (4 e 5), enquanto na modalidade EaD esse índice foi de apenas 16,6%. Esses números evidenciam um descompasso entre o crescimento acelerado da educação a distância, especialmente no setor privado, e a qualidade efetiva da formação ofertada.

Essa disparidade convida a uma reflexão que vai além das métricas. Será que podemos encarar o cenário educacional atual como uma espécie de encontro entre Os Jetsons e Os Flintstones? De um lado, a EaD, “acima das nuvens”, especialmente no setor privado, assume o papel futurista dos Jetsons: repleta de plataformas digitais, inteligência artificial, automações e promessas de alcance massivo com baixo custo. De outro, temos o ensino superior presencial, muitas vezes público, que se ancora em práticas tradicionais, na interação direta e na experiência coletiva da sala de aula, mais próximo do cotidiano analógico e concreto dos “Flintstones”. Sem ironias, essa comparação é positiva, afinal curiosamente, é esse modelo mais "chão de sala" que, segundo os dados, tem sustentado uma formação mais sólida.

Mas a questão essencial não é eleger um vencedor nessa disputa de ilustrações. O verdadeiro desafio está em garantir qualidade, independentemente do tempo ou do espaço. O moderno e privado, por si só, não assegura aprendizagem. Assim como o tradicional e público, isoladamente, não garante relevância ou inovação. A educação do presente, e, sobretudo, do futuro, precisa unir o engenho dos Jetsons com o vínculo humano dos Flintstones, conciliando inovação tecnológica com intencionalidade pedagógica. A EaD precisa mais do que reluzir, ela precisa formar. 

Não basta a promessa da escalabilidade: é preciso garantir que os processos formativos sejam consistentes, que o estudante tenha suporte real e que a aprendizagem seja significativa. Da mesma forma, o ensino presencial não pode se apegar à autoridade do passado; precisa dialogar com as linguagens contemporâneas, integrar recursos digitais e renovar suas práticas. A regulação do setor, nesse contexto, não é um freio ao progresso, mas uma convocação à responsabilidade compartilhada.

Ao final, a educação de qualidade talvez seja aquela que reúna George Jetson e Fred Flintstone na mesma sala de aula, onde tecnologia e humanidade caminham lado a lado, e onde o progresso não se mede apenas pelo brilho das ferramentas, mas pela profundidade do que se aprende e pelo impacto na formação de sujeitos críticos, preparados e conscientes.

 

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